Sé do Porto, segredos de um bairro histórico [#Projeto Especial]

Que segredos esconde o bairro da Sé? Os finalistas de Jornalismo foram à procura de respostas, no âmbito da unidade curricular de Géneros Jornalísticos. Por exemplo: sabia que existe um café onde os moradores podem poupar com mealheiros personalizados? E o que está a acontecer à população da freguesia, a par da afluência turística? Mais: é na Sé que se esconde uma das mais antigas casas de Fado do Porto e um dos museus mais emblemáticos da cidade. Estas e outras histórias podem ser lidas AQUI

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O que é isso de igualdade? O que nos une, o que nos separa (?) [#Projeto Especial]

 

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Editorial

A ideia de igualdade pode, por vezes, não significar que usuframos todos dos mesmos direitos, privilégios, oportunidades e deveres, esclarece-nos Sílvia Gomes, vice-presidente da Associação plano i, numa aula aberta de Géneros Jornalísticos, realizada em dezembro de 2016. Para quem assim lê esta afirmação parece confrontar-se com um paradoxo. Então igualdade não é estar perante um cenário que proporciona igual usufruto de oportunidades? Como explicar o aparente contrassenso? Imaginem, então, um muro, usando um cenário proposto igualmente pela socióloga. Perante esse muro estão várias pessoas que podem contemplar o que está do outro lado. Estão em pé de igualdade, certo? À partida tudo em indica que sim. Quando olhamos as particularidades, porém, apercebemo-nos de desafios. Uma das pessoas perante esse muro é mais baixa, logo não consegue vislumbrar a paisagem. Será que ajudá-la com um pequeno degrau não é colocá-la então em pé de igualdade com os demais? Foi isso que a turma de finalistas de Ciências da Comunicação da Universidade Lusófona do Porto tentou fazer. “Saindo da sua zona de conforto”, os futuros jornalistas foram à procura desses degraus para ver além do muro, visibilizando tanto grupos vulneráveis, como minorias, questões de igualdade/desigualdade de género, num desafio proposto pela unidade curricular de Géneros Jornalísticos.

Em matéria de grupos vulneráveis este trabalho coletivo reúne quatro reportagens. A Sara Oliveira traz-nos a história de João (“Viver de Pensão em Pensão”), o homem que todos conhecemos das ruas da invicta por nos pedir “um euro emprestado”. Tiago Sá Pereira revela-nos a história de Ilídio Neves (“O pugilista amador que venceu a droga já só quer voltar a amar”) e a viagem de luta contra a toxicodependência. Gabriela Ferreira dá-nos a conhecer Ervilha, “o arrumador”, numa viagem intimista através da história do homem que já faz parte da família da Universidade Lusófona do Porto. Maria Inês Moreira (“A vida com uma pulseira eletrónica”) abre-nos a porta do mundo de quem vive em prisão domiciliária e confidencia penitências e caminhos da condição humana. Em matéria de questões de género, Andreia Resende alerta que há ainda um “longo caminho da mulher para a Igualdade na Educação”; Diogo Moreira traça-nos um diagnóstico sobre “As disparidades salariais entre homens e mulheres”; e Esther Rodriguez, a nossa estudante de Erasmus, oriunda de Madrid, denuncia desigualdades no desporto em Espanha com a reportagem que questiona: “Fútbol, atletismo y esgrima, deportes tenidos de machismo?” Sobre alimentação vegetariana e vegan, Rita Silva percorreu as subtilezas da desigualdade nestas questões alimentares, fazendo um diagnóstico preliminar sobre “Ser ou não Ser Vegetariano?”. Por último, mas não menos importante, Ana Martins relata a história da família Guerra Martins, que chegou de Angola, em 1975, apenas com a roupa do corpo, centrando-se em Cecília, a qual denuncia o preconceito racial de que foi alvo.

Num contexto em que as nações unidas redefiniram os objetivos globais de desenvolvimento sustentável em diversas áreas de intervenção, importa refletirmos qual o nosso papel e como nos mobilizamos em prol de uma ideia de desenvolvimento que coloca o ser humano no centro das atividades. Tal no sentido de contribuir para a melhoria de vida de pessoas, grupos e comunidades, facilitando o seu acesso a oportunidades e direitos, desconstruindo e combatendo, junto de diferentes interlocutores individuais e coletivos, discursos e práticas promotoras da discriminação, da exclusão e da violência.
As histórias importam, mas também o processo em que foram desenvolvidas, por isso, não se esqueçam de ler, ainda, o diário de bordo desta turma empenhada “em fazer a diferença”, como gostam de afirmar. Boa viagem!

Olhares sobre a pobreza

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Este projeto especial multimédia reúne vários trabalhos jornalísticos dos estudantes finalistas de Jornalismo 2015/2016 e mereceu uma plataforma online integrada que pode ser consultada aqui.

Editorial

Por onde começar?

Vemos homens e mulheres que fazem da rua o seu alento de casa. Vemos cartazes que dizem “tenho fome”, malabarismos com orçamentos domésticos, pedintes, roupas em trapos, casas em ruínas, ocupadas, frias, indigentes. Sentimo-nos escravos da penúria, da carência. Vemos humanidade que sobrevive. E há muitas outras vidas que não vemos. Muitos outros mundos que nos estão vedados, porque é complicado, porque há vergonha, porque a indigência não é, na maioria das vezes, uma bandeira hasteada, um cartão de visita que se mostra. Quantas mulheres e quantos homens se escondem? E quantos preconceitos hão-de existir sobre isto que é pobreza. Quem é o pobre?

Num contexto em que tanto se fala de crise e desigualdade social, num 2016 em que já se fala numa agenda de desenvolvimento das nações unidas pós-2015 (sem a concretização efetiva dos oito objetivos anteriormente propostos), num momento em que sociólogos como Boaventura de Sousa Santos nos falam de forma contundente que precisamos de alternativas ao desenvolvimento, temos de olhar melhor para o que se passa à nossa volta e entender. Perceber que fronteira é esta, ou não, que nos separa do outro, daquele outro pobre. Refletir sobre o que podemos fazer, enquanto jornalistas e futuros jornalistas qual o nosso papel, a nossa responsabilidade na promoção e na educação para um mundo mais inclusivo.

Em 2015, no contexto da unidade curricular de Géneros Jornalísticos, convidei a socióloga Elizabeth Santos, da Rede Europeia Anti-Pobreza, para partilhar com os estudantes o trabalho que a instituição desenvolve e sobre o que é a pobreza. Perante uma turma silenciosa porque surpreendida, como se o contacto com esta realidade tivesse tirado o fôlego, percebi que o caminho seria desafiar os estudantes a desenvolver trabalhos sobre o tema. A pergunta que mais latejou na mente dos estudantes foi, consistentemente, por onde começar? Do voluntariado, a testemunhos na primeira pessoa, das questões de saúde, passando pela habitação, desertificação e memória, eis um conjunto de trabalhos sobre o tema Pobreza, desenvolvido por futuros jornalistas. Não é um fim em si mesmo, mas é um princípio.

Para consultar trabalho completo pode ir diretamente para este link: “Olhares sobre a pobreza, onde poderá encontrar os seguintes capítulos:

Entrevista a Elizabeth Santos, Rede Europeia Anti-Pobreza

“Não trocava esta vida por nada”, Nádia Santos

As marcas da pobreza nas ilhas e bairros sociais”, Rayne Fernandes

“Eu não faço mal a ninguém, mas será que faço o bem?”, Inês Magalhães

“A vida por um fio”, Daniel Gonçalves

“Porta solidária”, Diana Pinheiro

“Desporto vs Pobreza”, Ana Ribeiro

“Sopa dos pobres, a sopa solidária de Espinho”, Lisandra Valquaresma

“Nós entre iguais”, Juliana Pinheiro

“Como lidar com a pobreza aos 23 anos”, Guilherme Cardoso

“Ajudar a lutar contra a pobreza”, Ana Sofia Silva

“Luz serena contra a pobreza”, Tiago Ribeiro

“Adeus anexo, adeus mar, olá esperança”, Ricardo Marques

“Conferência – O combate contra a pobreza”, Maria Ferreira

 

Vanessa Rodrigues, jornalista e docente de Géneros Jornalísticos na Universidade Lusófona do Porto