#Suspensos

SUSPENSOS são todos aqueles que ao longo da sua vida são esquecidos, são tratados com indiferença. Nesta galeria, pretendo mostrar a insensibilidade humana. Uma galeria dividida em 3 partes e nesta primeira fase, a fase dos rostos, mostro muitas das faces marcadas, que por vezes são comparadas e tratadas como animais. Impressionante como nos esquecemos da igualdade, da forma como somos feitos e que independente da riqueza ou da pobreza, somos iguais. Estas fotografias foram realizadas em Madrid ao longo da minha estadia de Erasmus, afim de mostrar quem nem tudo é beleza e que há muita tristeza no meio de tanta folia espanhola.

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Fábio Sernadas

Como é viver com psoríase?

Sempre que Augusto Oliveira quer usar uma camisola de manga curta ou uns calções, sabe que vai enfrentar olhares comprometedores e fixados em certas partes do seu físico. Isto acontece porque ele tem grande parte do seu corpo com bastantes lesões que formam crostas avermelhadas, que se estendem ao longo do seu tronco.

Psoríase é o nome da doença crónica que Augusto tem na pele.

“Com vinte e três anos quase que nem me apercebia que tinha esta doença, pois era muito pouco notório e em escala reduzida. Com o passar dos anos e com problemas psiquiátricos e de nervosismo extremo, a psoríase acelerou imenso e piorei. Com 48 anos, tive uma doença oncológica maligna e ao fazer tratamentos de radioterapia e quimioterapia, a psoríase comeu e come grande parte do meu corpo, e nunca sara. Hoje em dia ,estou no pico máximo, segundo os médicos, da doença.“

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Augusto sofre do principal tipo de psoríase que é a psoríase em placas. Estas lesões apresentam-se em placas ovais e distribuem-se simetricamente pelo couro cabeludo, cotovelos, joelho, umbigo e costas.

Frequenta há vinte e seis anos a Unidade Dermatológica do Hospital Santos Silva, situada em Vila Nova de Gaia. Duas a três vezes por ano, o corpo técnico recebe a visita de Augusto que, apesar do carinho que tem para com a equipa médica, não recebe boas notícias: “Não há cura, é crónico”.

Já tomou diversos medicamentos e usou diferentes pomadas, mas os químicos apenas lhe retiram o caspão, dando a sensação que “a pele está limpa mas rapidamente reaparece tudo de novo. “

“O médico aconselha-me a não me enervar tanto, mas é difícil pois já sou uma pessoa nervosa por natureza, e com o que me tem acontecido na vida, ainda pior. E então como ando sempre enervado isto “rebenta” tudo. Sinto uma enorme comichão e as crostas ficam em sangue de tanto coçar … !“

Augusto evita comer fritos e beber bebidas alcoólicas, no Verão aproveita o sol e banha-se na água salgada do mar, o que atenua visivelmente a doença. As pessoas que o conhecem, não têm pudor algum em se relacionar com ele. No entanto quem não sabe os contornos da doença, é notório o receio.

“As pessoas quando eu trabalhava, tinham receio de estar à minha beira mas depois não havia problemas porque eu dizia que não era contagioso e aceitavam-me bem, embora inicialmente me sentisse um pouco discriminado.”

Augusto não encara a doença como algo mau e sabe que por o que já passou este, é o menor dos seus problemas.

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“Esta doença não mata ninguém, eu fico bonito na mesma! Tomara eu só ter isso e estava radiante da vida. O cancro ou as doenças psiquiátricas há beira disto é que são bichos que matam, e ninguém se afasta de pessoas que têm esses males. O facto de se ver algo assusta as pessoas mas, há males piores bem escondidos por dentro! “

 

 

Informações Adicionais

A psoríase é uma doença crónica na pele, caraterizada pela inflamação e híper proliferação das células nas camadas mais superficiais da epiderme que podem resultar em lesões extensas por todo o corpo.

Afeta cerca de 1% a 3% da população, geralmente entre os 10 anos e os 30 anos. Atinge ambos os sexos em igual proporção e todas as etnias, sendo mais comum em caucasianos. A psoríase não tem cura mas não é contagiosa. Os medicamentos existentes apenas atenuam a doença ou impedem a sua expansão.

A causa desta doença ainda é desconhecida, embora se tenha verificado que surge devido a interações de fatores genéticos, ambientais e auto imunes. Os glóbulos brancos – as células de defesa do organismo, são aparentemente os responsáveis por esta inflamação na pele.

Qualquer pessoa pode desenvolver psoríase, todavia alguns fatores aumentam este risco. Pessoas suscetíveis ao tabagismo, obesidade, história familiar de psoríase, alcoolismo, stress físico ou psicológico, SIDA ou infeções bacterianas ou virais, estão mais vulneráveis a este tipo de doença.

Apoios

A Associação Portuguesa da Psoríase (PSO PORTUGAL) é uma associação em Portugal que promove e dinamiza campanhas para alertar, despertar e sensibilizar a sociedade para a discriminação social e profissional de que são alvo os 250 mil portugueses que sofrem de psoríase. O serviço nacional de Saúde inclui no escalão A de comparticipação os medicamentos queratolíticos e antipsoriáticos destinados aos doentes portadores de psoríase, através da Lei n.º 6/2010. DR 89 SÉRIE I de 2010-05-07, o que permite a estes doentes terem acesso a todos os medicamentos necessários para amenizar e retardar as consequências desta doença com custos muito reduzidos.

 

Rita Silva

Já começou mais uma edição da Amostra de Teatro amador de Valongo

O concelho de Valongo recebe mais uma edição da Mostra de Teatro Amador (MTA). O evento é da responsabilidade do ENTREtanto Teatro e conta com a atuação dos grupos de teatro da região.  

A MTA valonguense arrancou a 27 de março, dia em que se assinalam as comemorações do dia mundial do teatro.

A inauguração esteve a cargo dos alunos e ex-alunos do ENTREtanto Teatro que durante os dias 27 e 28 de março apresentaram no Fórum Cultural de Ermesinde a peça: A casa de Bernarda Alba. Um clássico da dramaturgia espanhola, escrito por Federico Garcia Lorca em 1936. Esta foi a última obra escrita por Lorca antes de ser assassinado a 19 de agosto de 1936 pelas forças do governo espanhol, durante a guerra civil.     

Integrada na trilogia “Yerma” e “Bodas de Sangue”. A Casa de Bernarda Alba é um drama pautado pelo domínio feminino, e pela reclusão social. Bernarda Alba, a personagem central, após a morte do marido, decreta um luto de oito anos submetendo as filhas: Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela sob vigilância extrema, privando-as das relações sociais, exilando-as em casa com as janelas e portas cerradas, criando um ambiente pesado e prestes a explodir a qualquer momento.  

Até ao dia 20 de maio pode assistir e conhecer o trabalho desenvolvido pelos restantes dez grupos de teatro da região que cada vez mais se têm afirmado como um importante vetor na cultura do concelho.  

As peças vão ser apresentados na casa de espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde, e na Sala de Artes Vallis Longus.       

Diogo Moreira

O Guindalense Futebol Clube, um clube estudantil

Foi em 1976 que foi inaugurada a sede do Guindalense Futebol Clube, no centro histórico do Porto. Ao longo dos anos, este emblemático clube de futebol foi-se adaptando à evolução portuense. Inicialmente era um local frequentado apenas por sócios e jogadores, mas com o passar do tempo foram abrindo horizontes aos mais jovens e turistas que por lá passavam.

É a meio das Escadas dos Guindais, no sentido de quem desce, que podemos encontrar a modesta sede deste clube futebol. Além de uma magnífica vista para o Rio Douro, este sítio é paragem obrigatória diária para imensos turistas e estudantes.

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Desde 1991 que o Guindalense abre as portas para tunas e estudantes da Universidade do Porto. Os estudantes consideram um ótimo sítio para estudar, conviver com os amigos, para jogar bilhar ou “matrecos”, para tomar um simples café ou até mesmo o típico “fino” que todos apreciam.

Sara Silva, estudante da Universidade Lusófona do Porto, afirma ainda que o estabelecimento “tem um bom atendimento e que é como se fosse a nossa segunda casa.”.

Já os mais velhos encaram a presença dos mais novos de bom agrado. Acham indispensável a troca de ideias e opiniões com os mais jovens sobre os mais diversos assuntos da atualidade.

O atual diretor da sede, Paulo Costa, afirma que os mais jovens “acabam por ser um pouco da família Guindalense” e que até quando estes não aparecem por lá é-lhes sentida a falta dos mais jovens.

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Ana Martins

Porto recebe Miró de braços abertos

É no Museu de Serralves, no Porto, que encontramos a exposição de um reconhecido artista internacional: Joan Miró. Atualmente, propriedade do Estado português e expostas pela primeira vez na Instituição, as obras do pintor catalão estão disponíveis ao público desde 1 de outubro de 2016 até 4 de junho de 2017.

“Joan Miró: Materialidade e Metamorfose” aborda as transformações das obras do artista – na área da pintura, colagem, do desenho e dos trabalhos em tapeçaria – e as diversas linguagens pictóricas que desenvolveu, a partir de 1920. Os cinco sentidos são explorados e o processo das obras estão detalhados. Quem visita a exposição sente o fervilhar da relação entre os quadros de Miró e a abstricidade do artista que tem em Serralves um ponto de equilíbrio entre o homem e a natureza, tal como na sua arte.

Suzanne Cotter, Diretora do Museu de Serralves, marca esta exposição como um período único na história da Instituição e do país. “Estamos muito felizes por podermos permitir ao público um maior conhecimento da obra de Joan Miró, através daquela que será uma apresentação cativante e única desta coleção singular”, afirma.

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A Casa de Serralves reúne cerca de 80 obras, do conjunto de 85 da Colecção, entre 1924 e 1981. Miró tem representado nesta exposição seis das suas pinturas sobre masonite de 1936 e ainda seis sobreteixims (obras de tapeçaria independentes enquanto unidade autónoma) de 1973.

Rita Moreira, historiadora de arte, salienta a importância de “verificar as diferentes fases, observando o evoluir das metamorfoses artística de Miró, que culminam numa crescente abstração”. A jovem empresária de 23 anos defende ainda que a presença de Miró na Casa de Serralves é “de extrema importância para Portugal e mais concretamente para os portuenses, uma vez que permite que a obra de um grande artista seja apreciada pelo público em geral”.

Maria Inês Moreira

#Entrevista a Henrique Magalhães

Henrique Magalhães, jogador profissional de Hóquei em Patins

Henrique Magalhães, 25 anos, natural do Porto, é um atleta internacional Português e joga atualmente no Liceo da Corunha, em Espanha. Fez parte da Seleção Nacional que conquistou o Campeonato da Europa, no final da última temporada, em Oliveira de Azeméis. Apesar dehenricas representar o Liceo, o defesa/médio está contratualmente ligado ao Sporting Clube de Portugal, que o resgatou logo após o Europeu. É dado adquirido que na próxima temporada não haverá novo empréstimo e Henrique vai representar os leões.

Na Corunha, o atleta é aposta recorrente no 5 inicial da equipa espanhola. Após a vitória na Supertaça, estão posicionados no quarto lugar do campeonato, liderado pelo poderoso Barcelona. Disputaram, também, a Liga Europeia de Hóquei em Patins, ficando pelo caminho nos quartos de final, frente ao Sport Lisboa e Benfica. Apesar do resultado, 9-4 a favor dos encarnados, Henrique Magalhães foi dos que mais se destacaram na formação espanhola e na eliminatória, apontando 2 golos.

Magalhães iniciou a prática da modalidade em 1997, no Clube Infante Sagres, onde ficou até 2005, despertando o interesse de alguns dos maiores clubes portugueses, mudou-se para o Futebol Clube do Porto.

Completou as 6 épocas seguintes da sua formação na equipa da cidade Invicta. Entre 2010 e 2011, a última época ao serviço dos dragões, chegou à equipa sénior.

Apesar de ser ainda júnior, o atleta ajudou o Porto a conquistar o Campeonato Nacional nos dois escalões. Além do trajeto a nível de clubes, Henrique Magalhães tem um grande histórico pelas Seleções Nacionais. A primeira internacionalização surgiu aos 14 anos, no Campeonato da Europa de sub-17. Portugal conquistou o segundo lugar. No ano de 2010 surgiu o primeiro título internacional, com a conquista do Campeonato da Europa de sub-20. Como sénior, o primeiro grande título pelo nosso país ou “Os Ursos “, aconteceu em Montreux, com a conquista da Taça das Nações, em 2015.

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5 respostas numa só stickada

Infomedia –  O que te levou a escolher o Hóquei?

Henrique Magalhães – Foi pura coincidência. Os meus pais viviam ao lado do Clube Infante Sagres e uma vez fui experimentar, tinha eu seis anos. Nunca mais saí.

Infomedia – Qual a sensação de ter clubes como o Porto interessados em ti?

H.M. – Desde miúdo que era normal jogar contra o Porto e ganhar. Desde cedo surgiu esse interesse, mas os meus pais nunca quiseram que eu fosse jogar para longe de casa porque primeiro estavam os estudos. Aos 14 anos as coisas já eram mais sérias com convocatórias para as seleções. Nessa altura, os meus pais começaram a perceber que, mais tarde ou mais cedo, acabaria por jogar longe de casa e deixaram a decisão nas minhas mãos. Decidi, então, ingressar no Porto com essa idade. A sensação, obviamente, foi muito boa, mas por já existir o interesse há tantos anos, acabou por ser uma situação que encarei com mais normalidade do que emoção.

Infomedia – Qual a equipa que mais te marcou e porquê?

H.M.– Tenho dois clubes que me marcaram muito:  o Porto e o Valongo. O primeiro porque foi o clube que marcou a minha formação, em termos de títulos, e que me permitiu chegar ao mais alto nível no Hóquei Patins. Por outro lado, o Valongo marcou-me pelas pessoas excepcionais que encontrei no clube e que culminou com doi títulos inéditos na história desta equipa.

Infomedia – Como jogador, há alguma equipa que tenhas o sonho de representar?

H.M. – Para qualquer jogador, jogar no Barcelona significa chegar ao topo do Hóquei Patins mundial.

Infomedia – E após o Hóquei?

H.M. – Infelizmente sei que não vou poder viver do hóquei para toda a vida e, por isso mesmo, estou a tirar uma Licenciatura em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Tenho, também, inscrição feita em Economia, na Faculdade de Economia do Porto, cujo curso um dia gostaria de o concluir.

 

Tiago Sá Pereira

O mundo das claques

O mundo do desporto está cada vez mais ligado às pessoas e são cada vez mais os apoiantes nas diferentes modalidades. Mas há uma que se destaca, o futebol. Esta modalidade é, sem dúvida, a que arrasta um maior número de adeptos.

O elemento claque é fundamental nestes espetáculos desportivos, mas nos últimos tempos tem sido vista como um lugar de emoções à flor da pele e de alguns comportamentos um pouco excessivos. Uma adepta do Sporting Clube de Portugal (SCP) comenta “a necessidade de demonstração de superioridade uns perante os outros, leva a que muitos comportamentos sejam excessivos”. De facto, existem e já existiram diversos momentos de violência por parte das claques que provocaram algumas mortes. Como o caso dos Hooligans, muito conhecidos pelos seus atos de violência em jogos de futebol. Lembrando a Tragédia do Estádio de Heysel, na Bélgica, que ocorreu em maio de 1985, que provocou cerca de 39 mortos. Também, se pode falar quando um adepto sportinguista foi atingido por um very light que provocou a sua morte, em 1996.

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Muitos outros episódios terríveis aconteceram, e os jogos considerados de alto risco são os que puxam mais pelos adeptos. Levando a que muitas pessoas, até tenham receio de os ver nos estádios. A mesma adepta referida anteriormente acrescenta “Enquanto adepta que gosto muito de futebol e do Sporting Clube de Portugal, tenho dificuldade em ir a jogos de grande risco porque sei que há situações graves de conflitos e não quero colocar-me em risco desnecessário.” Mas será correto associar as claques apenas a estes comportamentos mais violentos? Muitas pessoas esquecem-se que o fator claque provém do apoio incondicional à equipa e há que saber separar as águas. Os elementos destas claques seguem as suas equipas para todo o lado, já se imaginou o que seria um estádio sem aquele barulho infernal? Seria um espetáculo completo sem elas? As claques têm também um papel importante no desporto, são elas que movimentam muitos adeptos, constroem as suas próprias músicas de apoio e puxam pelos restantes adeptos do recinto para apoiarem a equipa.

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Serão apenas as claques as únicas com comportamentos excessivos?

Não é apenas a violência que faz uma claque, mas um conjunto de coisas. Nem sempre é perceptível aos olhos de todos, mas no desporto a violência provém de vários lados, e já não estamos a falar de claques mas sim de alguns elementos da força de intervenção e até mesmo jogadores. Francisco Moreira, apoiante do SCP afirma: “O comportamento das claques em jogos de alto risco é exatamente igual ao que têm em jogos de menor risco e acho que a grande dificuldade é criada pela Polícia”. Temos agora dois casos recentes de violência por ambas as partes. O jogo de dia 1 de abril de 2017, disputado entre o Benfica e o Porto no Estádio da Luz, em Lisboa, foi um “palco” de violência por parte de uma pessoa pertencente ao corpo de intervenção que agrediu um adepto aos pontapés, quando o mesmo já se encontrava imobilizado no chão. Outro dos exemplos recentes foi o jogo do Rio Tinto-Canelas, onde um jogador agrediu de forma violenta um árbitro.

Existe ainda, um facto que muitos desconhecem. Existe agora um novo cartão no mundo do futebol, o Cartão Branco. Este cartão tem como intuito promover o fair-play e premiar o comportamento dos adeptos e de todos os agentes desportivos. Tem ainda a funcionalidade de poder ser exibido mais do que uma vez durante o jogo.

Será então que as claques são unicamente elementos que causam distúrbios e violência? Ou apenas pessoas normais com emoções fortes e um verdadeiro apoio às equipas e ao mundo do desporto?

Filipa Coelho

SLB e FCP, eternos rivais?

Sport Lisboa e Benfica e Futebol Clube do Porto há muito que lutam – dentro e fora das quatro linhas -, um contra o outro. Mas a rivalidade que tanto carateriza os dois clubes não “nasceu” com eles, tendo esta sido fortemente desenvolvida nas décadas de 80 e 90 do século XX.

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Dias depois do clássico confronto entre a equipa encarnada e os azúis e brancos – jogo intensamente marcado pela rivalidade típica entre estes clubes –, é importante tentar desvendar o gatilho que desencadeou esta animosidade entre clube do norte e clube do sul.

As versões de onde esta surgiu são diversas e levantam-se com nomes como Ademir, Rui Águas; e jogos como o da época de 1990/ 91.

Ademir, um jovem brasileiro, que jogava no Vitória de Guimarães na época de 1987. Tanto o FC Porto como o SL Benfica disputaram o jogador. O clube azul e branco mostrou interesse primeiro, mas depois de trocas e baldrocas nas capas dos jornais, foi o Benfica que adquiriu o jogador por um montante superior ao que o Porto oferecia.

Rui Águas (filho de José Águas – um ícone do Benfica, ex-futebolista que conquistou ao clube o Bicampeonato Europeu nas épocas de 61 e 62), jogou no Benfica de 1985 a 1988 até que o Porto foi buscá-lo nas duas épocas seguintes. Regressou ao clube encarnado, no qual ficou até 1994, mas nunca mais limpou a “mancha” da traição. Ainda nos dias de hoje é confrontado com a transferência que incomodou adeptos, sócios e simpatizantes do clube.

Em entrevista ao Jornal Sol, no passado dia 1 de Abril, dia de clássico, Águas diz que as motivações que o levaram a trocar a Luz pelas Antas foram unicamente económicas. O ex-jogador viu-se como “alguém que tem 28 anos, que enquanto atleta profissional tem de ganhar dinheiro, porque as coisas não estavam tão distantes do fim quanto isso”. No clube da águia, ganhava tanto quanto alguns juniores, quando era já uma referência e um símbolo do Benfica. No Porto foi ganhar 11 vezes mais.

Assim, toda a cordialidade que existia num “pacto de cavalheiros”, pelo menos no que tocava a transferências de jogadores, havia terminado. Desde então, muitos outros jogadores foram razão de guerra entre os dois clubes. Por exemplo, Cristian “Cebola” Rodriguez e Maxi Pereira, transferidos do Benfica para o Porto.

Voltemos atrás no tempo, até ao domingo de 28 de Abril de 1991. Nas Antas, disputar-se-ia um jogo decisivo para o campeonato. SL Benfica era líder com apenas mais um ponto que o 2º classificado, o FC Porto. Era importante vencer, tanto para um clube como para o outro. A vitória foi conquistada pelos encarnados, com 2 golos de César Brito, nos minutos finais.

Mas o jogo ficou marcado não só pela partida, mas por todo o antes e depois do jogo, pleno de incidentes que agudizariam a boa convivência entre os dois clubes. O autocarro da equipa de Lisboa foi fortemente apedrejado; o balneário cheirava intensamente a bagaço, obrigando os jogadores a equiparem-se no corredor; e o árbitro do jogo, Carlos Valente, foi insultado e ameaçado por vários adeptos. Eriksson – treinador de então do Benfica – contou que, quando questionou Pinto da Costa sobre o que se estava a passar, o mesmo lhe respondeu: “Eu gosto de si mas guerra é guerra”.

Desde então e até aos dias de hoje, muitas outras situações incentivaram a discórdia, e até um ódio transcendente, entre adeptos do norte e adeptos do sul, sem que haja algum fim à vista.

Gabriela Ferreira

A sedução do discos de vinil

A paixão pelo vinil parece continuar a justificar a existência de lojas especializadas nas rotações do gira-discos. Situada na cidade do Porto, a loja de discos Tubitek não pára de conquistar novos consumidores.

A qualidade do vinil é apreciada tanto pelos mais novos como pelos mvinilais velhos. É o caso de Kosmo Dias, um jovem estudante, que costuma frequentar a loja Tubitek. “Entre o cd e o vinil prefiro o vinil. Como não tenho dinheiro para comprar um gira discos utilizo os cd’s. Os discos de vinil são analógicos, ou seja,   têm uma maior qualidade de som do que o digital”.

Apesar de Manuel de Oliveira, cliente da Tubitek, já não utilizar o disco de vinil, continua a  recordar os tempos em que se agarrava ao gira discos. “O disco de vinil para uns é revivalismo, por isso é que compram agora… Quem tem são as pessoas com mais idade, porque se calhar ainda têm gira discos e têm muitos discos em casa. Eu tenho mais de mil discos de vinil em casa. Não comprados agora, porque agora já não uso”. Mas os elogios ao vinil não deixam de ser dados por Manuel de Oliveira que acredita numa “melhor qualidade e melhor som”, pelo facto de “alguns serem reeditados”. É desta forma que diz que atualmente “têm condições técnicas muito melhores do que há 30 anos”.

Os géneros musicais que passam pela loja são diversificados, mas há alguns que se destacam. “A Tubitek vende todo o tipo de géneros em vinil. É lógico que os standards de rock são os mais comercializados, a música alternativa, a world music, ou seja, a música mundo também é muito apreciada”, afirma José Soares, funcionário da Tubitek.

A fragilidade é uma das características do disco de vinil. É por isso que a duração do mesmo depende dos cuidados que o cliente tem quando compra. Segundo José Soares, “o vinil obedece a uma série de rituais para o manter em condições audiófilas, isto quer dizer, em perfeito estado de audição. Portanto, é necessário limpá-lo, lavá-lo, guardá-lo cuidadosamente ao alto e as capas têm um grafismo fora do normal. Em relação ao CD tudo é positivo”. Por haver um cuidado muito característico, o funcionário considera que os clientes “são muito pacientes por terem este tipo de trabalho”, mas que no final acabam por ter “o prazer da audição em si, porque analogicamente o gira discos continua a debitar um som muito superior em relação ao cd”.

Ainda que na indústria musical não haja uma compra acentuada dos discos analógicos, estes nem com o passar do tempo saem de moda.

CDV – Tubitek – Praça D. João I, Nº 31 | 4000-295 Porto

Sara Oliveira

“Podíamos ficar sem comer, mas o nosso filho era a prioridade no meio do caos”

Em Portugal, a elevada taxa de desemprego teve grandes consequências para os cidadãos. Muitas famílias ficaram sem emprego, sem dinheiro para comprar comida e até mesmo, sem condições de vida.

Taxa desemprego

A crise económica de Portugal e a taxa de desemprego têm vindo a diminuir, no entanto, ainda há muitos casos de pessoas desempregadas (em 2016, taxa de desemprego era 11,1%) e que se encontram no limiar da pobreza. Famílias que sonham em encontrar um novo rumo, em ter uma oportunidade para mostrar aquilo que valem, e assim, reorganizar as suas vidas e talvez quem sabe voltar a ver o lado da riqueza.

Alexandra Pereira, vive em Ovar, tem 39 anos e trabalhava num fábrica de calçado, em Santa Maria da Feira e em 2008 foi despedida. A busca por um novo trabalho tem sido uma constante desde o dia do despedimento, mas até agora nenhuma porta se abriu. No entanto, Alexandra afirma que “a esperança é a última a morrer” e que ainda vai “descobrir o lado da riqueza”.

senhora desempregada

Em 2007, o marido, António Resende também foi despedido e com “um filho para criar” e sem “perspetivas de vida” foi “desesperante”. O mais complicado é “não ter dinheiro ao final do mês, ter que reduzir nas compras e na alimentação, ainda para mais com um filho pequeno”, afirma Alexandra Pereira.

O casal teve de deixar de comprar certos produtos (roupa, acessórios, decorações para casa), porque o filho estava em primeiro lugar, pois devido ao seu problema de saúde, ainda precisa de fraldas, de consultas, de exames, entre outros cuidados. “Sabíamos que tínhamos de poupar, porque tínhamos alguém que dependia de nós. Eu e o meu marido podíamos ficar sem comer um dia ou mais, mas o nosso filho nunca. Ele era a prioridade no meio do caos”.

Em 2015, o marido de Alexandra começou a trabalhar. “Foi um alívio”, confidencia, “o ano não podia ter começado melhor, senti que a vida voltou a sorrir”. No entanto, esta família está consciente que as dificuldades podem voltar, “nós temos os pés assentes na terra, não nos vamos iludir com o dinheiro, porque de um momento para o outro tudo volta à estaca zero”.

 

Andreia Resende

Perfil: Maria Adelaide dos Santos – meio Século de Medicina

 

Maria Adelaide dos Santos comemora 50 anos ao serviço da comunidade penafidelense. Nasceu a 1 de dezembro de 1936 e licenciou-se em Medicina e Cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Foi a primeira mulher formada em Medicina do concelho de Penafiel e ajudou a fundar, em 1978, a Clínica Médica Arrifana de Sousa, onde ainda exerce funções como médica.

Tem desempenhado relevantes funções ao serviço da saúde, nomeadamente na assistência à maternidade, assistência aos mais velhos, na prestação de cuidados médicos ao domicílio e na implementação das primeiras consultas de Planeamento Familiar em Penafiel.

Desde muito cedo descobriu o gosto pela medicina. “Não me lembra de querer ser outra coisa na vida. Talvez, o fato do meu pai ter sido uma pessoa doente – e a vontade de curá-lo – tenha sido um empurrão”. E ainda hoje acredita que a sua missão é melhorar a qualidade de vida e da saúde das pessoas.

Maria Adelaide confessa ainda que sente uma grande satisfação, enquanto profissional e enquanto ser humano, por ter ajudado a fundar a clínica mais prestigiada da região.

 

 

 

Maria Beatriz Sousa