Quando a Internet se transformou num símbolo de esperança

A tecnologia tem vindo a revolucionar o Mundo como até há poucos anos o conhecíamos. A Internet e as novas tecnologias levam informação e conteúdos até às distâncias mais remotas, com rapidez, eficiência e a baixo custo. Para além das vantagens mais óbvias, estas inovações permitem que as opiniões das pessoas ganhem uma importância ao nível de algumas personalidades, instituições e organizações, sendo possível influenciar e modificar a sociedade. Foi exatamente isto que aconteceu em dezembro de 2010.
No último mês de 2010, um jovem tunisiano, Mohamed Bouazizi, ateou fogo ao próprio corpo como forma de manifestação contra as condições de vida no país que morava. Mohamed não sabia, mas este ato que terminou com a sua vida impulsionou ao que mais tarde viria a ser chamado de Primavera Árabe. Este foi o rastilho de uma chama intensa que mudou o Mundo Árabe e, em consequência, todo o Mundo.
A Primavera Árabe é uma onda revolucionária que ganhou grande relevância através das redes sociais, com destaque para o Twitter, o Facebook e o Youtube. O Twitter era usado para a marcação de encontros pelos ativistas e para a disseminação de informações sobre o protesto. O Facebook era utilizado para debates, divulgação de locais e hora dos protestos, fotos e vídeos. O YouTube servia como ferramenta de armazenamento de vídeos.
Através dos novos media, os ativistas conseguiam organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional no que diz respeito à repressão e censura, à falta de condições de vida nos diversos Estados Árabes, ao desemprego e à falta de oportunidades das gerações mais jovens, denunciando todas as questões envoltas dos regimes corruptos e autoritários.
A Primavera Árabe não teria sido a mesma sem os recursos proporcionados pela Internet, colocando assim em foco a importância das novas tecnologias e da Internet no processo de libertação nacional de povos oprimidos. A verdade é inquestionável: através das redes sociais, os ativistas chegaram além-fronteiras, fizeram ouvir a sua voz a um nível global, transformando a sua sociedade.
Desta forma, a Internet tornou-se uma arma poderosa contra os regimes totalitários, o que motivou preocupações por parte dos governos para controlar o ciberespaço e restringir o seu acesso. Os civis foram perseguidos por participarem em manifestações, por publicarem conteúdo de oposição e por divulgarem imagens que mostram a violência e o estado dos países. Os sites da Internet foram censurados e o acesso tornou-se limitado.
Com telemóveis e computadores, os jovens protagonistas da Primavera Árabe mudaram a forma como o mundo vê as mobilizações no Médio Oriente e desconstruíram ideias e preconceitos. A Internet pode ser uma força transformadora de sociedades e pessoas, que permite a quebra de barreiras geopolíticas, culturais e linguísticas.
É possível olhar para o mundo através de uma nova perspetiva. A sociedade moderna é ativa e é capaz de denunciar vários acontecimentos no ciberespaço. Nesse sentido, e ao contrário do que muitos pensam, podemos esperar uma sociedade cada vez mais presente e mais informada sobre a atualidade.

Diana Pinto Alves

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