Em jogo depois do 25 de abril

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Foi a 25 de abril de 1974 que se deu a Revolução dos Cravos. A revolta que acabou com a ditadura em Portugal e que veio trazer avanços que até então seriam impensáveis. O desporto não foi exceção.

Com o 25 de abril, o desporto ganhou um novo rumo. Em tempo de ditadura, apenas os pertencentes à mocidade portuguesa – uma organização juvenil do Estado Novo – e às elites podiam competir.

Quanto às mulheres que “contra tudo e contra todos” ainda iam praticando algum desporto, eram apontadas pela sociedade e reprimidas. A prática desportiva pelo sexo feminino era mal vista.

Vasco Lourenço, um dos capitães de abril, consciente de todos os benefícios que o 25 de abril trouxe, sublinha a importância que esta data teve para o desporto. Em declarações ao desportivo O JOGO afirma que o 25 de abril “…criou mais condições para que pudesse ser praticado por mais gente e em melhores condições. Houve uma abertura de portas à participação de mais gente, de toda a gente. Antes, o desporto era praticado essencialmente no âmbito da Mocidade Portuguesa, era muito mais restrito”.

Já José Augusto, antiga glória do Benfica afirmou ao Record que “abril alterou bastante o desporto nacional”. “Ultrapassou as expectativas dos atletas, ficaram livres, deixaram de ser propriedade de um clube e puderam finalmente transferir-se no fim do contrato”.

Também o maratonista Carlos Lopes assegurou que o 25 de abril foi um marco no desporto nacional. “Os atletas beneficiaram de uma liberdade para treinar-se e para competir que não tinham até então”.

Toda esta liberdade que até então estava enclausurada resultou beneficamente: “os resultados apareceram rapidamente e foram surpreendentes”. Opinião que é corroborada pelo capitão de abril que afirma que “os resultados de Portugal a nível internacional são claramente superiores após o 25 de Abril do que eram antes da revolução. O desporto é hoje, mais do que nunca, a atividade em que Portugal está melhor colocado nos rankings mundiais. Temos lugares no desporto que não temos nas outras atividades.”

Um marco no país. Um marco nas modalidades. Acima de tudo, um marco que trouxe para Portugal e para os portugueses a liberdade e a consciência de que esta é um bem que deve ser respeitado.

Jéssica Rocha

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